A
Bruxa de Jucurutu
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Consta nas anotações de Pedro
Velho, a história de uma bruxa que morava lá para as bandas de Jucururu. Morava
em uma casa de pedra bem pertinho do Rio Piranhas, onde se avistava ao longe a
pedra do Navio. Ela andava pelas florestas, carregando um saco cheio de
jucurutus, criava alguns janduís, e tinha um caicó.
E com sua vassoura cutucava as
rochas e os terrenos; revirando pedras enormes transformando em metralhas e
entulhos. E esta é a razão de hoje as terras do Seridó, parecer um campo de
metralhas, por tantas pedras quebradas e espalhadas pelos campos. Fato
observado em beiras de estradas. Ela procurava talco e bauxita. E com tanto
talco encontrado, já estava ficando muito pálida, que era a forçada usar roupas
escuras. Não queria ser confundida com um fantasma, ela era uma bruxa.
Com o cabo da vassoura ela
cutucava as rochas e as pedras, e com o lado da piaçava ela varria os minerais
que apareciam, transformados em pó. A matéria prima para fazer o pó de pirimpimpim.
E de tanto cutucar pedras e rochas, e ainda no final do dia, viajar voando em
uma vassoura, já estava ficando com dor nas costas, colecionando lordoses e
escolioses. Um médico lhe disse, que se não parasse, e não se cuidasse, ia em
breve adquirir uma esculhambose. Mas com tantos minerais circulando em sua
volta, teve uma ideia, construir uma cadeira, que além de andar pelas ruas,
poderia voar.
E assim começou a história da ponte
aérea, de Natal para Jucurutu, com uma única passageira, em cadeira reservada e
exclusiva. Fazia escala em Parnamirim e São Gonçalo do Amarante, locais onde
tinham pistas e torres de controle, controlando o espaço aéreo. Conhecia algumas
bruxas no caminho, como a Bruxa de Emaús, que tem um carro amarelo, ainda estacionado
no posto do DUDU. A Barreira do Inferno fica de prontidão, com misseis
preparados, caso elas em excesso, interfiram ou atrapalhem o movimento no
espaço aéreo.
Outras e muitas histórias,
existem sobre a bruxa de Jucurutu, mas ainda faltam provas. Dizem que ela transportava
e contrabandeava o pó de pirimpimpim. Abastecendo outras bruxas, que hoje moram
em lagoas, na Região Metropolitana de Natal.
Viaja exercendo alguns papeis
bem diferentes, de passageira, de comissária e de aviadora. Tem até uns óculos
com modelo de piloto. Hoje ela ainda participa e frequenta uma confraria de
bruxas, em algum lugar secreto em Natal. Dizem ser um lugar muito perigoso, praticamente
impossível de achar e difícil de entrar. Está cercado e vigiado com catitas e
daluzinhas.
Muitos dizem que não creem, em
bruxas, mas juram que elas existem. E não é que já foram vistas muitas bruxas reunidas,
bebendo agua no tororó da lagoa nova. Inclusive tem gente, com jeito de
professor, que vai sempre ao tororó encher uma garrafa com água. Depois fica
nos eventos, tomando aos goles.
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