A
Bruxa de Emaús
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A bruxa chegou voando em sua
vassoura, em lugar denominado de Emaús, no estado que lembra um elefante. Instalou-se
ali com o caldeirão e a vassoura, e construiu uma horta com ervas daninhas. Todos
os dias saía de Emaús e atravessava um grande rio. Orientava-se pela torre do
antigo aeroporto para chegar em casa.
Veio lá das bandas de um tal
de São José do Egito, em um estado com tamanho longo e esquio, lembrando uma serpente.
Atravessou o estado que lembra um asno, e chegou no estado do elefante. Filha
de uma família de poetas e de vaqueiros, acabou por adquirir uma intolerância
ao sobrenome.
Perto alguns quilômetros de
Emaús, antes de atravessar o rio, a bruxa optou por fazer parte de uma entidade
secreta, que fazia reuniões as quintas-feiras, nos fundos de uma livraria
abandonada. No sótão da livraria havia uma antiga máquina de escrever, e uma
grande muleta encostada em uma das paredes, denotando a alta estatura de seu
antigo usuário. Alguns retratos e papeis velhos estavam espalhados por ali,
parecia um museu não frequentado. O silencio era quebrado por alguns sons não
identificados. Por vezes durante algumas visitas, a máquina começava a
datilografar sozinha. E o dono da livraria abastecia a máquina com um papel
contínuo. Recolhendo histórias, novelas e contos periodicamente, quando fumava
um charuto de havana, analisando os textos impressos, no papel continuo.
A bruxa chegava na livraria, e
guardava sua vassoura entre outras, para não ser percebida. O acesso a comunidade
secreta era mediante uma senha, um conjunto de letras: S-P-V-A, letras para
serem citadas antes de uma porta giratória, com um ranger de rodas de carros rurais
antigos. Além da senha havia uma contrassenha mais secreta ainda (Sociedade Para
Velhos e Aposentados), contrassenha que poucos conheciam. E a bruxa se
infiltrou na sociedade secreta, com versos escritos em pergaminhos. Entrou na
sociedade para seduzir os velhinhos.
A bruxa com intolerância ao
sobrenome, gostava de ficar algum tempo, antes e depois das reuniões, na
antessala da sala secreta, o lugar das reuniões. Era um lugar onde havia
algumas mesas e cadeiras, um lugar parecido com um café, um estilo de pub, já
que era escassa a luminosidade, e muitos trajavam preto. Ali eram servidos:
café e leite, com alguns pães de queijo clandestinos. O preparador de café
gostava de finalizar as taças de café depois do preparo colocando um pozinho.
Não se sabe, mas talvez o pó pulverizado seja um feitiço para algumas feitiçarias.
O pó com cor e aspecto de asa de barata moída.
Durante as reuniões secretas
era comum autores e escritores saírem dos livros. Saiam dos livros para recitar
seus livros em versos e prosas. Repetiam cenas já acontecidas, quando em longínquos
tempos lançaram seus livros, ali na mesma livraria.
Às quintas feiras era o dia da
bruxa no ar, entrar na livraria. Outros personagens de livros também frequentavam
a livraria. Tinha o pequeno príncipe de Sant Exupéry, algumas senhoras fantasiadas
de Minnies, entre uma ou outra catita. E outras dioclessianas, lideradas pela
mágica de Oz e seu fiel escudeiro Sand, que portava uma garrafa misteriosa, com
poções de feitiçarias.
12/09/15the day after
Tenham cuidado que esta Bruxa anda solta por ai - trouxe todas as poções mágicas que encantam a vida! De seu caldeirão de sonhos ela prevê o futuro e acredita nele, faz pactos com seu Deus e declara guerra aos que habitam em seus castelos assombrados de solidões fugidias!
ResponderExcluirEla não dorme e no entanto sonha, "ela não existe, porém", vive!