Supostas pegações
Uma crônica por encomenda
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Espaço para uma cena
a ser escolhida
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Algo inesperado, não imaginado,
pode ser uma crônica por encomenda, uma crônica que nem sequer temos noções dos
fatos. Uma crônica que não participamos dos momentos e dos atos. Uma crônica de
ficção, com poses supostas, em lugares escuros, assim imaginamos. Talvez até
escondidos no parque, ou atrás do poste. No banco da praça, ou em algum espaço
abandonado. Camisolas e pijamas com meias de seda, sobre um lençol de cetim, em
um espaço com ar condicionado, e reservado. Tudo pode ser imaginado.
A tentativa de ter um texto
exclusivo, que fale de seus atos e sua vida, sem ser identificada, sem ser
revelada. A revelação de um local escuro. Fotografias, quando eram usados
filmes, eram reveladas no escuro, E com algumas palavras, já foi denunciado o
gênero da pessoa solicitante.
A confiança no que seria escrito.
A descoberta de coisas, pelas palavras escritas, quem sabe talvez, tivesse a
suposição de que outros não sabiam de algo oculto. Uma estratégia de reconhecer
a eficácia de seus ocultos atos. Uma arma textual para provocar ciúmes. Um jogo
de coisas, conversas e palavras. Um desafio ou um credito. Um convite declarado
ou inebriado.
Uma crônica por encomenda, por
insistência, por aderência; por meios secretos, e não vistos, por palavras in box. Inúmeras perguntas, cobraram algumas
respostas. Com palavras, nomes e verbos citados, veio a irritação, uma agressão
verbal e um xau. Tudo passa. Talvez seja a falta.
Uma crônica de pegação foi
solicitada, com estas palavras: pego e sou pegada. Talvez deixe rastros pela
estrada. Um texto sobre coisas que podem ser vistas por obscenas, para quem não
participa do ato. Cenas movimentadas e em posições diversas e variadas. Com
aquilo na mão e a mão naquilo, para então depois ter aquilo naquilo. Procurando
vaga uma hora aqui e outra ali. Apenas suposição; segredos de liquidificador.
Não há como citar nomes ou
sobrenomes, locais ou livros, frequentados ou lidos. Lugares, estados ou
cidades. Citações levariam a hipóteses e talvez conclusões. Nem mesmo
patologias ou estados de espírito podem ser citadas ou descritas. Disse não
fazer barulhos. Os gritos sufocados, de lugares ocultos e velados, querem
enxergar e ouvir as palavras. Não há como citar castelos, vinhos e cores.
Sabores e dissabores; chatos e chatices.
Findado o ato, o que
aconteceria? Novas ideias e outras imaginações. Novas suposições e posições. A
posição social dos apenas amigos. O medo de uma taxação, de ser chamada de musa
ou meiga; meigalinha. Afirmações e medos; a busca da autoafirmação. Medos, para
serem analisados.
Está pronto o texto. E a
promessa de uma frase final.
Qualquer fato, qualquer ato,
qualquer boato, semelhante, parecido ou conhecido, terá sido uma mera
coincidência.
Texto
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