Entre xicaras e aromas, sons diferentes
eram ouvidos no café. Além dos sons das xicaras e das colheres, movimentadas
com auxílio dos dedos, percebia-se que outros dedos movimentavam cordas sonoras
sobre uma caixa esquia, produzindo sons. A acústica da caixa com cordas, e a
acústica do ambiente. Sons que combinavam com sabores, produzindo imagens e
cores, nas holografias da mente. Músicas que podem remeter a pensamentos, que
lembram aromas e cheiros, constroem cenas e pensamentos. A construção do
conhecimento por saberes, sabores e aromas, sensações tácteis, audições e
pensamentos.
Alguns considerados como nerds,
conhecem o aroma e o sabor do café, seus saberes e seus sabores. Mestres em linkar
sites, plataformas e portais; com maestria podem linkar sabores e saberes. Mestres
em insights; mestre em construir saberes e sabores, mestre em construir
conhecimentos. A máster Oliver, tirando a essência das olivas, com sons e
sentimentos.
Uma voz e um violão, sons que
eram captados pela sensibilidade auditiva dos frequentadores do Café Linkest. Entre
mesas e balcões não era possível olhar a exata posição, distinguir a
localização, de quem tocava e cantava. Não era possível identificar o
protagonismo da canção. Apenas era possível imaginar como ela estaria sentada,
ou posicionada, com seus dedos percorrendo as cordas do violão. Era uma voz
feminina. E a voz parecia surgir do nada, ecoando no ambiente, e invadindo a
mente. Ficava uma dúvida no momento, se era uma audição ou uma percepção. Por
outros meios, no ar ou no vácuo, meios e mídias, não identificados.
Talvez enquanto um cliente
preparava o seu café, para tomar e degustar. Ela também se preparava, para
cantar e tocar. Aconteciam cenas paralelas: escolhas entre leite desnatado ou
integral, açúcar ou adoçante, chocolate ou canela; ajustes de afinação das
cordas e um olhar para uma suposta janela. Um olhar para o alto, um olhar
perdido, pensando no tipo de café que gostaria de beber e sorver, ou na
primeira música que gostaria, para cantar e tocar. Um rodopiar da colher na
xicara, e os primeiros acordes de cítara. Um folhear no cardápio e um folhear no
caderno de cifras pautadas. A movimentação dos lábios dando início a sabores e
sons. O verter do café na xicara, o verter da voz e do som.
Não era possível identificar
de onde vinha a voz. Mas a voz ecoava com sonoridade e suavidade, uma voz e um
violão. Canções para ser acompanhadas por um café. A cada gole sorvido, uma
interpretação. As interpretações das frases a cada gole, um degustar de sons e
sabores; gostos e vozes.
O cérebro como um computador,
executando inúmeras funções: a coordenação dos dedos, a coordenação do timbre
de voz. E com a audição o acompanhamento o retorno, o feedback, acompanhando
resultados para corrigir os atos não programados, os desvios indesejados provocados
pelas cordas, vocais e do violão. Com os silêncios dos espectadores, apreciadores,
admiradores, era possível gravar em áudio, apenas a canção, com voz e violão.
Entre um café e outro, entre
uma canção e outra; uma pausa. A pausa para um gole de agua. Agua para molhar a
garganta, suavizar as cordas vocais ou as papilas gustativas. Ao final a
possibilidade de novas degustações; a escolha de outro café, ou a solicitação
de uma nova canção.
Cenas do Café Linkest; cenas
de uma canção, cenas de um cafezinho.
Texto
relacionado:
A Menina do Café Linkesthttp://www.publikador.com/cultura/maracaja/2015/05/a-menina-do-cafe-linkest/
Texto
disponível em:
http://www.publikador.com/cultura/maracaja/2015/08/uma-voz-e-um-violao-no-cafe-linkest/
Entre
Natal/RN e Parnamirim/RN; em 08/08/2015
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