Hotel Mike in Índia Charlie
Hora Mágica no Iate Clube em
Belezas do RN. Assim definiu a autora ao nomear o momento estático de seu olhar.
Momento capturado pelas suas lentes: o cristalino de seus olhos, e a objetiva
de sua máquina fotográfica. A mistura de nuances no céu e no mar. Pode até ser
um rio, que está preste ao mar chegar. A proximidade de uma margem e o tipo de
embarcação ancorada, não nos deixar enganar. Águas denominadas de doce prestes
a salgadas ficar. Águas que vieram de longe trazendo os sais da terra, que
tornam o mar salgado.
As linhas do cais em rampa, junto
com a linha d’água, formam a ponta de uma lança, tocando a superfície aquática,
lembrando seus antigos moradores, que com uma lança ali iam pescar. Uma lança
indo em direção à linha do horizonte para formar uma perpendicular idade
retratada. Todos os olhares seguem em
direção a uma linha reta. A única linha reta criada na natureza, a linha do
horizonte. Todas as linhas vão juntas em direção ao fundo da imagem, onde esta
a linha do horizonte. As linhas do céu e as linhas do mar, todas se juntam com
a linha do olhar. E junto com a linha do olhar formam o encontro das retas que
se encontram no infinito submerso em ideias para olhar e analisar.
Não se sabe se foi isto que
a fotografa quis retratar. Mas imagem fotográfica é isto, um momento estático
de quem estava em um local, e em um momento, com sua maquina em punho, pronta
para obturar e um momento captar. Para que outros tentem visualizar. Uma imagem
sem personagens como pessoas dão margem de uma infinidade de ideias para
desenrolar. Assim também eram os antigos filmes fotográficos.
E cada um vai ver com o seu
próprio olhar, aquilo que naquele momento a fotografa se inspirou e quis retratar,
e depois revelar. Assim como um rio tem duas margens, pode haver margens
diferentes e opostas de olhar. Margens que seguem juntas e opostas, de um
interior até chegarem ao mar, o local de desaguar. E ali no oceano a cor do céu
e a cor do mar vão se espelhar. A linha do céu e a linha do mar vão o horizonte
criar.
O personagem principal foi o
Sol, no final da sua descida em carruagem, em seu caminho diário. O Sol se
despedindo ao longe com seus últimos reflexos no espelho d'água. O Sol com seus
últimos raios que nos dá condições de ver alguns detalhes do enquadramento e
interpretar, com o nosso olhar.
Barcos ancorados com se
esperassem um momento de atracação. Com a chegada de alguém ou a mudança da
maré. As pontas dos mastros já fazem um rodopio no céu, pelo suave balançar das
ondas, marolas ou maretas. Estão aguardando o posicionamento das estrelas sobre
um veludo negro, para como um taco de bilhar elas acertar.
Nuvens esparsas e esgarçadas
formadas pelo tempo de exposição, dando um traço de velocidade e direção. Deixam
no ar os traços das partidas. Enormes aves flutuantes de cúmulos se tornam fractus cúmulos,
em direção ao poente.
E dois blocos concretos e
armados, de cimento e ferro como duas malas prontas para partir. Mas as marcas
incrustadas das intempéries nas ferragens dão sinais que estão muito tempo á
esperar, pelo momento de embarcar.
RN, 06/03/2015
Créditos:
Foto by Carla Belke
Texto by Roberto Cardoso
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